sábado, 25 de abril de 2009

Quando tudo mudou...

Se eu não me engano, era Carnaval de 2005. Eu e minha família (mais meu primo) estávamos viajando pra praia (Caraguatatuba). No carro, o som que mais ecoava dos alto-falantes era do CD da banda brasileira de heavy metal Angra, Temple Of Shadows. A combinação dos sons de cada instrumento soava aos meus ouvidos de uma forma intensa e ao mesmo tempo perturbadora, já que as letras das músicas eram algo que me fascinavam e atiçavam minha mente de uma forma como nunca antes qualquer outra coisa havia o feito. Afinal, o que estava sendo, de certa forma, posto em jogo – na minha mente bem pré-adolescente – eram as minhas crenças.

As frases das letras das músicas (letras aqui) me deixavam doido. Tudo que eu havia acreditado cegamente em 12 anos de vida (?) parecia estar sendo posto à prova. E eu nunca sequer havia questionado as minhas crenças, os meus ideais. Eis que surgiram então as dúvidas (que deveriam ser naturais): o que fazer? Em que acreditar? Durante algumas semanas, era só nisso que eu conseguia pensar. E cheguei a uma conclusão, que eu diria que era um pouco falha na época, de que eu não acreditava mais no que eu costumava acreditar. “Deus? Bullshit.” O meu jeito adolescente (explosivo, compulsivo) de fazer as coisas não ajudou muito na minha vida social na época, já que os meus colegas de escola (eu estudava numa escola religiosa) passaram a me olhar de um jeito diferente (não ao ponto de eu ser excluído, mas eu sentia que alguma coisa havia mudado), e uma briga nada amistosa com a namorada na época que culminou no fim do namoro (não foi só por isso, a relação tava desgastada, mas ajudou bastante). E eu ainda fazia Catequese. Mas pra esse pessoal eu preferi não falar nada. Até porque, no fundo, ainda haviam dúvidas em mim. Muitas dúvidas aliás.

O tempo passou, eu amadureci um pouquinho, e as idéias já estavam mais sólidas na minha cabeça. Eu já era declaradamente um ateu. Mas, de novo, ainda havia dúvidas. Cheguei a ter uma “recaída” durante um tempo (haha). Hoje quem sabe ainda haja dúvidas? Acredito que não, mas quem sabe? Fato é que depois de um tempo eu passei a enxergar as coisas de uma outra maneira. Até porque, me responda você: o que é a verdade? A mentira? Quem pode definir o que é certo e o que é errado? É Deus que define isso? Mas quem é Deus? Quem o é seu Deus? Haha, porra, só de pensar nessa merda toda já me dá uma tremenda duma dor de cabeça. E é por isso que eu não gosto de falar de religião (e o fato da religião ter sido motivo de não apenas uma guerra já me faz ter um certo desprezo gratuito por todas elas também). Até porque na minha condição de descrente, uma discussão sobre crenças em geral que eu esteja envolvido já começa com outros olhares perante mim (claro que isso também não é uma verdade absoluta, eu amo as exceções).

De maneira geral, eu não gosto de meter o bedelho nas crenças dos outros. Cada um acredita no que lhe convier. A única coisa que eu não acho bacana é o indivíduo acreditar por acreditar. Como eu era. Desde criança fui ensinado a acreditar no “Papai do Céu”, da mesma forma que me falavam sobre o Papai Noel. Pode ser até estranho comparar os dois dessa forma, mas nem é tanto (os princípios – pelo menos no meu caso – eram os mesmos). Que me perdoe a minha mãe se eu “aprendi” errado. Os nossos ideais não podem ser vazios. Acredito que sempre tem que haver um algo mais profundo nas coisas que a gente crê, uma força mais profunda (hoje eu não to falando nada com nada mesmo, talvez você entenda isso). Tanto é que algumas pessoas religiosas eu até admiro pelo seu jeito de ver as coisas. Enfim.

8 comentários:

suzanne ! disse...

Religião é um negócio complicado. Falar sobre isso, ouvir sobre isso já me desgasta.
Respeito qualquer tipo de religião e não-religião (?). Na verdade, pra mim tanto faz. Só não venha querer me 'converter'(nos dois casos).


eu quero é mais

Anônimo disse...

Tem um episódio de Family Guy em que o Brian vai a uma livraria e vê o livro "Deus, um delírio" (que eu preciso terminar de ler, BTW). Ele vai pegar, mas uma mulher chega ao mesmo tempo. Começam a conversar e, a certo ponto, ele diz: Bem, se Deus existe mesmo, então apareça uma outra cópia do livro.

Claro que a cópia não apareceu.

Em um outro ep, o Brian diz para a família que é ateu e é expulso de casa.

Eu pensava igual você, que religião não se mete o bedelho e cada um tem a sua. Mas depois de passar 4 anos cercada de presbiterianos fanáticos tentando me convencer de que as minhas ideias são erradas e as deles as certas, eu começo a duvidar. Claro que há pessoas e pessoas e eu posso ter tido o azar de ficar por perto dos fanáticos. Uma coisa que é bem comum nesse meio é que a lavagem cerebral é tão intensa que eles nem percebem o quanto de ilusões estão falando. E, quando você aponta os dogmas sem sentido, você que sai como vilão, claro.

O problema todo não está nas religiões em si (se você estudar uma por uma, vai ver como elas são bem parecidas e têm princípios muito bonitos e alguns outros bem questionáveis - e isso é legal de debater), mas as pessoas distorcem tanto que não vale a pena conversar. A mesma coisa acontece com futebol; aquele "torcedor" que quebra tudo quando o time perde e não aceita que falem mal de jogador algum é igual a um fanático religioso.

Como eu não consigo provar a existência ou não de Deus (e acredito que exista alguma força que mantém esse mundo em equilíbrio, seja ele à nossa imagem e semelhança ou parecido com uma xícara de café), eu me declaro agnóstica. As pessoas perguntam e te encaram com menos preconceito do que se você é ateu. Até porque, muitas vezes, o ateu é o fanático religioso sem a religião hahhaha.

Se ficar um tentando impor a sua visão sobre o outro, a conversa não vai ser boa mesmo! E isso em qualquer discussão ;)

Rabay disse...

Argh, baratas... Fui encher minha garrafinha d'água antes de comentar aqui e tiver que matar e - pior - limpar uma então esmagada. Com certeza Deus criou as baratas por último no dia que criou os animais, ficou uma merda mas ele colocou mesmo assim na versão do mundo final, heheheh.

Mas bem, emendando o comentário da Bibi, eu me declaro ateu. Acreditar em Deus, pra mim, seria contrariar toda uma forma de pensamento que me parece muito natural.

Agora, sobre a crença de todos os outros, antigamente eu tinha mais problemas com isso; hoje em dia vejo a religiosidade como uma expressão da liberdade das pessoas. Só tenho, de fato, dois problemas quanto a isso:

1) Me parece errado que as pessoas façam boas ações apenas seguindo cegamente uma cartilha pré-definida, ou apenas "para não ir ao inferno". Porém, como temos problemas muito mais severos que esse (como as pessoas que fazem "más ações"), esse problema já não me parece tão grave.

2) A alta exposição que as crianças sofrem às doutrinas religiosas (como eu também fui exposto; hoje parece engraçado mas teve uma época, quando criança, que eu fiquei com medo real de ir para o inferno, heheheh). Creio que o ideal seria criar os filhos da maneira mais neutra possível, claro, ensinando valores morais e éticos que eu acredito serem universais, mas admitindo sempre que tudo, inclusive a ciência, é composto por teorias.

Aliás, me vem à cabeça que seria muito interessante se a Igreja Católica um dia tomasse a existência de Deus como uma teoria, dando aos seus fiéis a decisão de acreditar ou não (embora extraoficialmente ninguém seja obrigado a acreditar). Uma verdadeira revolução que flexibilizaria tremendamente a instituição católica.

Agora, sobre música, ouça Edguy (talvez vc já conheça mesmo), muitas letras falam sobre religião (na verdade criticam heheheh). Pra não me chamarem de ateu fanático, também tem uma banda que fala justamente de religião que o som é legal tb, e brasileira: Eterna.

Gus! disse...

Meu antigo professor de teclado já fez várias participações especiais no Eterna haha

Anônimo disse...

"Creio que o ideal seria criar os filhos da maneira mais neutra possível, claro, ensinando valores morais e éticos que eu acredito serem universais, mas admitindo sempre que tudo, inclusive a ciência, é composto por teorias."Mas as pessoas só educam os filhos de acordo com os valores que eles acreditam, sejam eles religiosos ou não. Aí vai do que o casal acredita que seja importante passar para os filhos e não tem nada a ver com ser religioso ou não.

"(...) seria muito interessante se a Igreja Católica um dia tomasse a existência de Deus como uma teoria, dando aos seus fiéis a decisão de acreditar ou não (embora extraoficialmente ninguém seja obrigado a acreditar)"Em qualquer religião você tem liberdade para acreditar ou não nos dogmas. Cabe a você perceber o que faz sentido para você ou não ;)

Sobre as baratas, eu acho que elas são o supra-sumo de Deus, o melhor ser de barro. Só elas para suportarem todos esses anos e períodos que a Terra viveu. A gente é um modelo mal-acabado. Hahahaha

Unknown disse...

tenho minhas duvidas se sou ateu ou descrente que tenta crer em uma esperança que nunca chega

religião é um saco

Nefelibata disse...

Li esses dias a seguinte frase do Erwin Schrödinger, um dos pais da física quântica, ou seja, um baluarte da ciência:

"Para os crentes, Deus está no princípio de tudo, para os cientistas, no final de todo o questionamento".

Algo assim. E o cara é genial.

Ochiro hc disse...

"algumas pessoas religiosas eu até admiro pelo seu jeito de ver as coisas."

Haha esse ai sou eu!!! Porque eu sou religioso e você admira o meu jeito ver as coisas!! =D sauhaSuAHSuaSHuaSHusa (ou, com certeza não)

Mas enfim....

Tu acredita em Deus se quiser, se bem que dizer pura e simplesmente "eu acredito em Deus" me soa totalmente vazio. Afinal:

"Vai chegar o dia em que os mortos ressuscitarão
Você vai chorar por salvação
E o seu passado vai te condenar
Pelas mentiras e os crimes que cometeu
Pelas blasfêmias e o ódio que te moveu
Seus sonhos vão desmoronar

E não adianta chorar
Agora é tarde pra se arrepender
A espada que vai te julgar
Vai te fazer sofrer

Eu estou esperando...pelo juízo final"

(Esperando Pelo Juízo Final - Zumbis do Espaço)

E vocês malditos ateus, queimarão no fogo do inferno! Mwaahhahaha
//brinks ;3

Enfim, se você mesmo disse algo do tipo "eu não tô falando coisa com coisa nesse post" porque o meu comentário tem que ter sentido??? o.o'