sábado, 18 de abril de 2009

Well, I guess this is growing up


Crescer. O que significa ao certo crescer? Amadurecer? “Virar gente grande”? A resposta eu não sei e você provavelmente também não (se souber, favor compartilhar com a galerë nos comentários).

Eu sou moleque, 16 pra 17 anos. Vivi pouco e não sei se terei a oportunidade de viver muito, afinal, o futuro é incerto (isso vale pra todos) e eu moro na cidade de São Paulo. Hoje, conversando com a namorada, relembramos um pouco da infância, dos desenhos e programas na TV que gostávamos de assistir. As míticas aberturas de Tintin, Fly e Rá-Tim-Bum (em que eu e meu irmão, na mais pura inocência típica de crianças, nos escondíamos na parte do bolo que espatifava na tela da televisão), o incrível término de cada episódio em que invariavelmente o Coyote sempre se fodia na mão do Papa-Léguas, enquanto que não necessariamente o Jerry sempre se prevalecia sobre o Tom e o Pica-Pau sobre o Zeca Urubu ou o Leôncio.

Quando a gente é criança, tudo – tudo – parece ser maior do que realmente é. Conforme crescemos, as coisas parecem perder o brilho. Apesar de haver as exceções à regra, como por exemplo, o fato de eu ainda rir com Chaves e Chapolin e ainda achar legal as músicas dos passarinhos do Castelo Rá-Tim-Bum, hoje em dia eu não sei se o brilho que os Ursinhos Carinhosos tinham pra mim naquela época fariam o mesmo efeito na minha mente não tão – mas mais do que antes – amadurecida. E tudo isso porque hoje eu já vejo o mundo de outras maneiras, e o mundo se impõe de tal forma que se eu não vê-lo nas tais outras maneiras, eu realmente tomo no rabo. Crescer é uma merda.

Afinal, “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, eis o clichezão máximo do Homem-Aranha (que eu vi hoje um trecho na TV). Talvez eu simplesmente não queira ver o mundo de outras formas, não queira crescer, ter as tais grandes responsabilidades. Apesar de eu, modéstia à parte, me considerar maduro pra certos aspectos, pra outras coisas eu estou totalmente inapto.

Eu não sei se hoje é assim, mas na minha época (putz, hehe), quanto mais rápido a gente crescia, melhor. Porque de algum jeito, pras crianças daquele tempo, ser adulto – ser grande – era muito bom, muito legal. Mesmo pra mim, era assim que funcionava. Eu queria crescer, ser “grande”, poder ir pra casa dos meus amiguinhos sem que minha mãe implicasse com a idéia, poder jogar futebol com meu pai (e, olha, hoje eu já faço isso!), poder discutir com os tios mais velhos sobre futebol, falar como “gente grande” com meus primos mais velhos sobre videogame e brincar de amarelinha na rua com meu irmão, minha prima e amigas. Mas eu não podia, porque eu era “muito pequeno” e “muito criança” (fatos).

Ok, eu cresci. Nem tanto, mas eu cresci. E o que eu quero hoje é não crescer, voltar a ser criança. Incrivelmente, quando somos crianças, tudo o que mais queremos é ser adultos, e quando crescemos, queremos voltar a ser crianças. Ser humano é foda (capte a ambiguidade).

Crescer definitivamente não é tarefa fácil. Talvez por isso eu esteja fugindo dessa tarefa da grande matéria que é a vida (assim eu até pareço um daqueles pseudofilósofos/moralistas falando – ou não né). Mas, infelizmente (ou felizmente), não dá pra fugir disso. É uma realidade que temos que encarar de uma forma ou de outra. O tempo passa, e precisamos acompanhar a evolução e o crescimento natural das coisas. A humanidade evolui, eu evoluo, você evolui. Mas no fim das contas, só depende de da humanidade, de mim e de você, pra decidir afinal de contas, se esse progresso vai ser positivo ou negativo, se vamos seguir em frente ou parar, regredir.

Justamente por saber que eu necessariamente tenho que encarar essa situação, é que eu acho que ela é uma merda. Eu sou o único que pensa assim?




“I'd love to know what we're all about
We all have done
Am I gonna get old and laugh
With someone?
Think I'll get me a boy and a girl
Or not either?
Will I get what I want from this world?
I'm a daydreamer
Then I watch the old couple dance
Step on my old size nines and I'll take you 'round”

(Stereophonics – Step On My Old Size Nines)

6 comentários:

Nefelibata disse...

http://altusnefelibata.blogspot.com/2008/09/castelos-de-cartas.html

Quando a natureza nos obriga, porque nos desenvolvemos como seres que sentem fome e sede, amadurecer é uma virtude. Quando a coletividade humana nos obriga, porque se construiu num sistema de dominação de poucos sobre muitos, amadurecer é nada mais do que aceitar a condição de escravidão. Como diz um amigo meu: "O querer humano afasta-se cada vez mais da natureza humana".

Você precisa ver Terra E..., hein!

suzanne ! disse...

Você sabe, crescer é algo absolutamente normal. Acontece com (quase) todo mundo.
Eu não vejo a hora de ter 18 anos, hahaha é sério. Eu sei que eu vou ter bem mais responsabilidades e vou me foder muito, mas é algo que eu quero: ser responsável por alguma coisa.
Meu pai me disse uma vez que ser adulto é bem melhor.

O que me (nos) resta é esperar, viver pra perceber essas mudanças e tentar, sempre, fazer com que essas mudanças sejam boas.

:]

Anônimo disse...

Terra E tá comigo hohohoho

Acredito que ninguém amadurece por completo. Podemos parecer super adultos sob alguns olhos, e sermos completamente patetas por outros. Afinal, o que é maturidade? Ser um adulto chato, que só liga para dinheiro, sustento, segurança, incapaz de rir de coisas pequenas? Não quero, obrigada.

Por outro lado, também é maduro aquele que tem bom senso e consegue agir de uma forma mais racional em momentos de tensão.

O que importa é: veja todos os lados da questão. Não é preto-no-branco, não é ser maniqueísta. A maioria das discussões possui mais de dois lados.

Quando a gente é criança, é legal imaginar sendo parte do mundo dos adultos, que não temos acesso. Quando chegamos nesta idade, vemos que as coisas nunca são como imaginávamos e queremos voltar àquela fase sem responsabilidades, com alguém cuidando da gente e nos protegendo de todo o mal.

Não acho que amadurecer tenha a ver com "aceitar a condição de escravidão" ou a ver com a natureza humana. Afinal, o que é a natureza humana? Ou mesmo, a escravidão (no sentido desta discussão, pelamordedeus, não pensem que eu não conheço a História)?

Não posso generalizar e culpar a "sociedade" pelo o que o ser humano se tornou. Embora eu tenha a tendência a sempre dizer que o ser humano não mudou muito desde que começou a ser classificado como homo sapiens, o quanto será que "amadurecemos" desde aquela época?
Ou não "amadurecemos" ou isso tudo é só uma convenção boba para definir que alguém é diferente de você.

Além do mais, a sociedade é formada por nós todos, o quanto nós evoluimos como humanos? A busca por um ideal é válida, mas não posso deixar de questionar: é possível?

Bem, vou parando por aqui que já viajei demais e vai começar o jogo. A gripe não me deixa organizar os pensamentos e estou escrevendo um post nos comentários lol.

Anônimo disse...

Só mais um comentário: ter 18 anos só faz diferença na quantidade de reclamações que nossos pais fazem. #prontofalei

Nefelibata disse...

Existe uma relação dialética entre o indivíduo humano e a coletividade humana. Ou seja, ambos se interferem mutuamente. Mas só sendo romântico para pensar que um indivíduo é capaz de alterar substancialmente a sociedade.

De fato, se a sociedade tem defeitos, eles nascem nos indivíduos que a compõem. Contudo, é tentando se adequar a essa mesma sociedade que esses indivíduos reproduzem os valores opressivos da liberdade íntima. Sinceridade e espontaneidade, gosto, amor; tudo tende a se preterir em nome de dinheiro, patrimônio, luxos e status. A figura imaginária da "pessoa bem-sucedida" é sempre composta de riqueza, e não de integridade - porque não é preciso "acumular integridade" para ser uma pessoa correta, pode-se ser correto agora, imediatamente e a todo instante.

No caso, não é maniqueísmo de minha parte, e sim postura firme. Dentro da realidade da escravidão assalariada, dentro da ideologia de valorar as pessoas pelo dinheiro, é plenamente possível viver em felicidade. Mas para os que olham atentamente, sabem que essa felicidade é manchada por um porém. Para a imagem ficar um pouco mais clara, é algo bem parecido com a proposta de Matrix. Dentro do esquema que nos é montado, basta estudar bastante pra trabalhar num emprego bom (= ganhar muito dinheiro) e todo o resto dos problemas será detalhe. Ou seja, vive-se feliz, ovinamente feliz. Só que a diferença da realidade para o filme é que não são máquinas que nos oprimem, e sim a própria humanidade.

Leo - It's a long way... disse...

hey guss eu sei que vc odeia ramones, mas tem uma musica deles que se encaixa perfeitamente a esse tópico...

chama-se I don't wanna grow up...

depois dá uma olhada na letra dela...

belo post guss! ;D